24 de mar. de 2011

Maquiné

ramiro simch

Éramos nós, naquela casinha simples, no meio do nada. Éramos nós, tocando violão, cozinhando qualquer coisa no fogão a lenha. Éramos nós, ali, apenas jovens loucos, cantando músicas que já não frequentam modismos há tempos.
Esquecer. Esse era o objetivo daquelas noites e daqueles dias: poder viver sem prender-se à vida. Esquecer da rotina, e (como não?) lembrar da retina. Sim! Mimá-la com agrados belíssimos, como o brilho do fogo no breu, e a luz do sol aninhada no topo da cachoeira.
Ainda hoje, vez em quando, avistamos um ou outro conviva daquela feita. Sem dúvida estão agora um pouco mais oprimidos, comprimidos nos logradouros dessa cidade cinza. Passamos por eles, negociamos olhares, cumprimentos rápidos talvez. Nada além.
Mesmo assim, saber que uma vez compartilhamos daquilo com aquelas pessoas é especial. E a noção de imensidão se torna cada vez mais simples. A alegria e a melancolia crescem juntas. É surreal, por ser tão real.
Éramos nós, mas... Ainda somos. Há esperança.

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