29 de set. de 2011

Agonia no apartamento 4 do conjunto habitacional

Ramiro Simch
@miroez

Tomei Nescau e fui deitar.

Não é tão simples. Esse diminuto ritual foi crivado de medo e taquicardia antecipados, temor da angústia vindoura inevitavelmente com o escuro e o travesseiro.

Meu coração sacolejava tão alto que meus ouvidos doíam. Por que eu era assim? Por que eu era tão fraco a ponto de fazer sala a pensamentos-sentimentos-sofrimentos como aqueles que caminhavam em mim? Eu estava totalmente indefeso.

Era como me jogar de uma grande altura espontaneamente, ou enfiar a cabeça na boca de uma onça. Minha mão tremia enquanto pressionava o interruptor e o quarto era abraçado pelo preto.

Pela manhã, a tristeza traduzia-se no lençol suado e no cansaço doentio. A inabilidade para findar tudo era o mais doloroso.

Num dos bairros mais violentos da cidade, eu fui um recém-nascido emocional.

26 de set. de 2011

Estar

@pv_lopes

Estar perto não é físico. É estar presente nos pensamentos. É alimentar um sorriso em frente ao espelho.
Estar perto é ficar lado a lado, frente a frente. É correr para acabar com a distância. É ficar longe e contar o tempo para reencontrar.

A distância não é contada em quilômetros, mas em níveis de importância. A pessoa ao lado pode estar mais distante que um bate e volta ao fim do universo. 

Estar perto não é físico. Estar perto é mágico. É sentir a presença ao fechar os olhos, é sentir o cheiro ao deitar, é arrumar a cama para esperar.

Estar perto não é físico.


23 de set. de 2011

Três Marias

Ariel Engster
@ensta

Não se sabe quem construiu a casa das Três-Marias. Feita de cavacos de laranjeira, nas janelas madeira de macieira. O telhado de telhas feitas nas coxas de escravos.
A casa não devia este nome à bonita flor três-marias, mas a abrigar três bonitas moças, jovens flores de nome Maria.
A Primeira Maria, de cabelos vermelhos e vasto sorriso, tinha para si um cômodo na frente da casa. A janela dava para a rua e quem por ali passava podia sempre ver Primeira Maria sentada numa grande cadeira de couro vermelho com algum livro nas mãos. Um livro nas mãos, centenas em volta. Primeira Maria chamava seu cômodo de Minha Biblioteca.
Foi um escritor com ares de intelectual - dizem que era argentino. Levou a Primeira Maria consigo e nunca mais se ouviu falar dela - embora haja suspeitas de que algumas das personagens dos contos que ele escreveu dali pra frente são, na verdade, retratos de sua amada.
Sozinha no sótão, escondia-se à sombra duma santa a Segunda Maria. Sorria pouco, mas muito sentia: sofria o sofrimento de um mundo inteiro. Sangrava as chagas alheias e sabia que só havia uma solução: sagrar sua vida a serviço do Senhor. Salvou sua alma da safadeza do mundo, numa silenciosa sexta-feira de setembro.
E havia ainda Última Maria. Sem talento pra cousa alguma - ou pouco pra todas as coisas. Sem beleza exorbitante, nem inteligência além da conta. Sem centenas de amigos, mas com uma meia dúzia que valia por muitos. Sorria a quem lhe sorria e cantava, às vezes, quando estava sozinha. Última Maria era benquista na vizinhança, recebia flores de Dona Tácita, a velha-louca do bairro. Participava da quermesse e sempre ajudava na cozinha. Ria das bobagens dos garotos da rua e não se negava a ajudar na brincadeira. Última Maria era um amor de pessoa - e nunca foi amada por ninguém.
Não confessava a tristeza que a abatia de vez em quando. Principalmente depois que as outras Marias se foram e que a casa de Três-Marias só guardou o nome. Os ecos que ouvia eram o que mais a incomodava: sinal de muito vazio. Conversava em voz alta pra fingir companhia - ria das próprias piadas. Chamava a si mesma de boba, cabeça-nas-nuvens. Dizia que só estava querendo apressar as coisas, que logo aí estaria o Seu Homem e que ele, ao custo de tanta demora, seria o melhor que ela podia querer.
Mas o Seu Homem não chegava. Última Maria ia sendo consumida pelos romances que criava em sua cabeça e por aquele pranto que vem à noite por sentir o frio e não ter quem a envolva, quem lhe dê um último beijo de boa-noite e fique ali deitado ao lado dela, tendo-a em seus braços, fazendo carinho com seu quieto amor. Sabia que de nada lhe valia lamentar-se, nem tampouco sentir pena de si mesma. Ia ter fim, a solidão ia ter fim!
Quis ser esperançosa, mas isso nunca fora de seu feitio. Inventar possíveis pretendentes passou a ser seu divertimento. E lá vinha Ernesto, futuro advogado, futuro juiz, quem sabe? Ou Seu Gomes, que não era bonito, mas tinha um bom emprego e era carinhoso como só ele. Por vezes, era Vadinho, aquele baiano, amigo do Dr. Amado, era viciado no jogo mas tinha fogo correndo nas veias e a fazia se sentir mulher mesmo, daquelas que fazem valer o tamanho da cama.
Última Maria se apegou à janela na qual um dia Primeira Maria se debruçara. Jogava ao ar mil sorrisos e olhares sempre que passava um homem com ares de solteiro. Entregava-se tanto a essa tarefa que virou motivo de troça nas redondezas: as risadas já não eram dos garotos cujas bobagens a divertiam; esses já haviam envelhecido. Eram agora os filhos desses garotos os que riam da velha-namoradeira-sem-vergonha pendurada na janela. Ela gritava que não era namoradeira, que não era sem-vergonha! E ela percebia, enfim, que era velha, que fora consumida pelo tempo, pela tristeza, pela solidão. Última Maria sentia-se a única infeliz no mundo todo. Rogava pragas a todos os homens, blasfemava, jurava ser castigo divino!
E então lembrou do antigo e humilde altarzinho que Segunda Maria fizera e ao qual tanto se devotara. Por onde andaria sua irmã? Em que cafundó desse mundo se enclausurara? Abriu o sótão tanto tempo esquecido, viu a santa, ainda no mesmo lugar. Riu-se, lembrando que exigiu de Segunda Maria que deixasse a santa com ela, acreditando que a irmã desistiria da loucura de entrar pra Igreja se fosse obrigada a se separar de sua santinha. Não adiantou. Agora era Última Maria que se jogava aos pés da imagem, que se ajoelhava e pedia Deus, me ajude! Minha Santinha, olhai por mim!
Os vizinhos ouviram um choro, depois berros. Houve barulho de louça se quebrando, houve barulho de vidro se espatifando no chão. Segundo dizem, o fogo começou pelo alto e logo se espalhou pela casa inteira. Um doce cheiro de laranjeira invadiu a rua, causando espanto nas gentes. Muitos correram com baldes cheios d'água na vã esperança de apagar as chamas. Alguns homens se ofereceram para entrar na casa e tentar resgatar a velha louca, mas nenhum pôde. Um último urro de Última Maria calou a todos. Com o derradeiro grito, cada um que via o infeliz espetáculo sentiu um pequeno pedaço da dor de Última Maria - e esse pedaço foi, para cada um, a maior dor que já sentira.
Ainda ouviu-se uma senhora comentar: "Lembram de Dona Tácita, a velha louca?

21 de set. de 2011

Té mais

Ramiro Simch
@miroez
tu vai?
também.
tava ali,
te disse.
te ligo?
tá bom!
te amo.

17 de set. de 2011

Alheio

Paulo H. Lange
@ph_lange

Vi que as coisas estavam perdendo o controle quando ele começou a mijar no meu pé.
Senti na lona do All Star um quentinho me umedecendo e subindo à cabeça um pouquinho de raiva. Quem era mesmo aquele filho da puta?
Quando entrei no bar, ele me cumprimentando tão energicamente, apertando minha mão como um garotinho testando o limite dos encaixes do seu brinquedo novo. Simulando a embriaguez mais óbvia que eu jamais tinha visto, e assim mesmo, acolhi os abraços demasiadamente afetuosos com uma receptividade tão natural quanto um um tapinha no pênis como prova de gratidão por sexo: seria um tanto constrangedora, mas doce. Eu já não estava no meu maior pico de sobriedade... Mas ser recebido tão calorosamente no seu bar preferido, onde todo mundo já se falou ou pelo menos se viu algum dia, me fez sentir tão acolhido que eu fui obrigado a retribuir tamanha gentileza. Paguei uma para cada mesa, e todos levantaram os copos e interromperam suas conversas para reconhecer a minha magnanimidade num sorriso mais do que satisfeito, e uns ainda me cumprimentaram, de longe. Comecei a entender esses velhos que vivem nos bares.
Assim que eu consegui me sentar de frente pro balcão (sou daqueles que espera a companhia chegar, não que a oferece) o querido anônimo atrasa o percurso de balcão-boca do uísque com uma chacoalhada no meu ombro; olhei pro barman com os olhos entreabertos, mandando um sinal de fumaça, poderia haver fogo. Um aviso cortês, dizendo que não ia me responsabilizar. O barman respondeu com os olhos amistosos: "ali fora."
A princípio, me pareceu só mais um daqueles bêbados socialistas que viramos depois de virar uns copos. A embriaguez é um estado sublime. Ele veio me falando da mulher, dos filhos. Imagine! Já passou pela cabeça dele que eu posso ter pego meu casaco, meu chapéu e calçado as botas pra escapar de um lar assim? Não era o caso. Naquela noite.
E continuou descrevendo sua vida de trinta anos empregados em um emprego que não exige mas não afrouxa, uma esposa muito amável e satisfeita, dois bons filhos que se dão bem na escola e tementes a Deus. Me mostrou fotos no celular e as 3x4 deles na carteira. Mas só passei os olhos, alguém já tinha me contado sobre o homem. Foi uma tragédia, dizem.
Engoli uma quantidade de álcool que me fez contrair o rosto. Mas não engoli aquela baboseira. Ele então se levantou em silêncio e deixou um suspiro ao voltar pro mundo real. Com os olhos, tentou achar uma desculpa e partiu depressa. Não fez por mal, de certo. Seu olhar estava tão perdido quanto sua sorte. E quando se vive uma mentira, é preciso ter sorte.
Todo mundo simpatiza com o Paulo Tigre. Na verdade, esses aí têm é medo de acabar como ele. Há destinos piores, claro, mas fadar-se a uma ilusão é um fundo de poço mental. Quando levantei, ele já tinha saído do bar e com ele, o conteúdo das 7 doses de cachaça com butiá que ele pediu. O barman não deixou eu me afastar do balcão. Tudo bem, o desgraçado me ganhou. Paguei todas complacente. Não se pode fazer nada, ele vai acabar duro, gelado e sozinho. Eu só tratei de mantê-lo aquecido por aquela noite. Quando abri a porta, pisei na poça de mijo que se alargava com o ruidoso fluxo do meu dinheiro sendo expulso da sua bexiga. Ele se virou e o arco dourado pousou sobre os meus pés. Enquanto tentava manter-se fixo no meu campo de visão, tocou meu ombro com a mão desocupada e agradeceu por eu ter pago as bebidas. De repente, quis saber quem era aquele filho da puta. Tão desesperado por um pouco de atenção e cortesia, Deus, quando é que ele vai acordar? A esposa tão jovem e os filhos tão bonitos. Uma pena, de verdade. Mas não vou ser eu quem vai acabar mandando ele prum hospício. Pra que se incomodar?... Ele é completamente inofensivo, só um cara que não consegue viver a própria vida, quantos mais você acha que vai conhecer ao longo da sua?


14 de set. de 2011

Bem a calhar

Ramiro Simch
@miroez

o coelho que coelha
colhe os frutos da colheita
na colheita, que coelha!
corre lá, não faz desfeita


coelhamos, nós e ele
construímos nosso lar
virtual, acolhedor
coesão? a consultar

12 de set. de 2011

Nicole

@pv_lopes


Talvez nunca houve cabelos ruivos que tivessem tanta  sintonia com as ruas do Bom Fim como os de Nicole.  Lisos, balançados pelo vento, encantavam aqueles que andavam pelo brique na manhã de domingo.

Volta e meia ela os prendia, e com eles a respiração dos seus admiradores. Alguns deles achavam que a moça morava na João Telles, outros na Garibaldi, mas o que realmente sabiam era que a Redenção, nos finais de semana, era o lugar certo para encontrá-la.

Certa vez, por volta das 16 horas, estava ela, vestido claro, faixa no cabelo, sentada na grama. Na mão uma taça de vinho branco; dentro da cesta alguns petiscos e uma taça sobressalente. Escorada em uma árvore, sorvia aquela bebida como alguém que abre  as janelas para deixar o sol iluminar a casa e a vida. Por vários minutos permaneceu de olhos fechados, gozando de uma felicidade particular capaz de irradiar o que estava ao seu redor. Todos pensaram que alguém chegaria para fazer companhia, porém após quase duas horas Nicole guarda a taça que usava e vai embora do parque.

Mais uma semana envolta por mistérios. Discutiam como fazer para descobrir sobre aquela moça que semanalmente aparecia para alegrar as suas vidas. Decidiram que um deles tentaria se aproximar dela.
Dedicaram a semana inteira para pensar na melhor forma de iniciar uma conversa com ela, e, principalmente, escolher quem faria isso.

Era manhã de sábado, um dos dias mais esperados por todos. A medida que as horas passavam a angústia tomava conta, movida pela ausência daquela que há cinco finais de semana se fazia presente.
Algo nela dizia muito a todos que frequentavam o parque. Para eles, Nicole representava mais que uma moça de traços finos, ela carregava erotismo de uma forma sublime, como alguém que empurra com um sopro a pena que pousa sobre a água.

O sol já estava quase se pondo quando ela apareceu, mochila nas costas, óculos escuros e fones nos ouvidos. Seguia em passos rápidos, impenetráveis, não deixando chance alguma para desvendá-la. Essa incerteza causada por ela abriu um espaço gigantesco para as suposições mais diversas possíveis. Todos já pensavam em desistir de conhecê-la, deixá-la apenas presente na imaginação coletiva. No entanto as coisas não mudam nessa velocidade, nem o hábito de visitar o brique no domingo.

- Bom dia! Uma pipoca.

A explosão de euforia dos admiradores de Nicole foi mais forte que as pipocas saltitantes no carrinho. Ela estava ali, bela, com um grande sorriso no rosto, pedindo pipoca. Finalmente alguém conseguira ouvir a sua voz.

-Doce ou salgada?

11 de set. de 2011

Eu sou um samurai

Gabriel Simch
@gabrielsimch

Eu sou um samurai. De onde vem o meu foco? Do meu desespero. De onde vem minha coragem? Do meu medo. De onde vem minha força? Das minhas palavras. E o meu orgulho? Admito: sou orgulhoso, mas não aplaudo orgulho sem lastro, admiro a superação e a garra. A coragem.

O medo de errar vem junto, contudo, os passos foram contados antes de dizer sim, dizer não, de apertar ok. E não é o medo que vai me parar, se eu cair eu vou me levantar como já levantei várias vezes. Sei que tenho capacidade de me erguer até o topo, de mudar e de ensinar, e também de aprender.

Mesmo que eu perca a próxima batalha, ser um derrotado não faz meu estilo.


9 de set. de 2011

Minha Utopia

Ana Elizabeth Soares
@anabebeth

Então eu acordo e tento olhar ao meu redor. Vazio. Um imenso nada de uma cor que não existe. Estou flutuando de uma forma antes pensada impossível, talvez isso seja a gravidade zero. O som também não existe. Não escuto nada, não vejo nada, não sinto nada. Não sinto nada com o tato. Parando para pensar, não possuo tato, não possuo corpo.

O silêncio é, de alguma forma, o poder mais intenso dessa coisa/lugar onde me encontro. Me pergunto se realmente me encontro em algum lugar. Aqui o tempo e a mera existência que somos acostumados não fazem sentido, nem pensam em acontecer. Tento organizar meu pensamento, se é que consigo pensar. Levitação é uma palavra que eu poderia tentar utilizar para descrever essa sensação. Mas, entende, o estado em que me encontro é indizível. Ele, de fato, não existe.

De qualquer maneira cá estou, atônita, tentando decifrar o que estou sentindo (se realmente estou sentindo algo). Êxtase, o cúmulo da paz interior e exterior. Eu e o nada, eu no nada, eu sou nada. Eu sou tudo. Esse vazio de alguma forma está me completando. É como se eu estivesse mergulhada em um mar de algo denso e ao mesmo tempo tão leve como uma brisa. Na verdade eu não estou nesse mar, eu sou esse mar. Não possuo mais matéria. Estou misturada nessa imensidão, partículas, penso que menores que os átomos, que são eu mesma, se fundem nesse grande vazio. Mas espera aí, estou sentindo alguma coisa a mais.

É uma força ainda mais intensa que o silêncio, essa força agora também faz parte de mim. Ela entrou completamente nesse vazio. Agora me sinto, de fato, completa. Não peça para eu explicar, isso não existe, isso é o nirvana da alma. Ah, agora faz sentido.

Sou completa, pois sou só alma. Sou completa pois essa força que chegou é a tua alma. Ápice da veemência nessa utopia. O encontro das almas da forma mais pura que se possa imaginar. Não tenta imaginar, é impossível. O impossível aqui, nesse espaço atemporal é a única coisa possível. O deleite prolongado ao máximo, a alma lépida para sempre.



8 de set. de 2011

Canto sem melodia por uma terra dona de si

Ramiro Simch
@miroez


está cansada, a terra
geme baixinho sob a árida casca.
a urbe esparrama-se quente no solo
grossa, agonia em matéria
grudenta como suor seco depois de um janeiro
ou de um jogo de futebol.
a terra está cansada
amordaçada por uma tensa malha [viária
machucada não apenas na superfície
mas no subterrâneo, no subcutâneo
no submundo e no submar.
ela precisa retorcer-se
dar um sacolejo de acordar as cordilheiras
dispor, mais uma vez, como um cão indolente
seu chão natural, fofo, ao carinho solar.
basta de pavimento!
que as lajotas voem [até as estrelas
a terra grita:
- me quero de volta!

5 de set. de 2011

Maturidade

@pv_lopes


Cada situação necessita de um momento certo para que possa fazer sentido. Como a amizade, como os discos do Belchior. 

Como as canções do Roberto, em momentos brilhante, em outros deprimente. Contudo não é apenas ele que muda,  nós também mudamos. Passamos a entender que "daqui pra frente tudo vai ser diferente". Começamos a notar que a maturidade está chegando a passos largos, disposta a brindar com resultados todas as inquietações de dias passados.

Disposta a causar um turbilhão para depois oferecer a calmaria. Disposta a transformar todas as lágrimas em sorrisos fartos, alegria frequente. Disposta a não permitir que a acomodação tome conta, a manter "a mente inquieta, a espinha ereta e o coração tranquilo."

A maturidade que nos faz entender o momento e necessidade de cada um, de perceber além do olhar.

1 de set. de 2011

(in)justiça, (out)justiça


 Ramiro Simch
@miroez

Eu larguei de mão a Justiça Divina, cara. Não tenho paciência nem sangue de barata pra esperar o humor de alguém me contemplar. Tenho usado a tal da Justiça Com As Próprias Mãos, tá funfando, tá massa. Mas o cara gasta muito com equipamento...

Pois é, tô ligado nessa. Foda que é meio que politicamente incorreto, né? O cara tem que fazer tipo na camufla.

Ah, meu, eu não to nem aí pra essas merdas. Se o cara for se pautar por isso não rola. Passei a vida toda corretinho, fazendo tudo “certo”, e só tomei no cu. Antes da Divina eu ainda tentava com a Justiça Federal, mas virou palhaçada. Me alcança o Mu-Mu aí.

Ah sim, certo... A Federal já tá obsoleta, virou produto vintage. O esquema não se atualizou, parou no tempo.

Não rola uma proximidade com a gurizada. E quando a gente ouve alguma coisa, é ruim. Já era.

Sim, sim, nem cogito. Bah, não curti essa margarina.