5 de jul. de 2012

Nada é secreto

Recentemente saiu uma lista com as principais causas de separação entre casais. Uma delas é a traição através de redes sociais, como o facebook. 

Um grande músico já passou por isso. Há um bom tempo atrás, Jorge Drexler viu seu casamento acabar depois que sua mulher, na época, leu mensagens que ele havia recebido. Depois disso ele compôs essa canção.

E tu? Já passaste por uma situação dessas ou quase foi flagrado? Deixe seu comentário sobre isso.


23 de jun. de 2012

Justa Causa


Juliana Moreira
@jubii_

Sentia por ele um amor profundo, mas sabia que seria impossível conviver com aquela gargalhada durante muito tempo. Poderia aturar uma série de outras coisas, mas não conseguia encontrar sentido em amar alguém cuja expressão da felicidade fosse algo absolutamente indesejável. 
 Resolveu deixá-lo.

21 de jun. de 2012

Tutti


Peço desculpas aos meus queridos leitores (Konijn e PV, quando muito), mas já estourei minha cota de letras da semana. Se quiserem ver onde, fiquem à vontade: http://www.bastiao.net/apps/blog/o-fim-da-pequena-caverna-mágica-e


18 de jun. de 2012

Guardas da Fronteira

@pv_lopes

Competição entre Índia e Paquistão para decidir quem fecha a fronteira com mais imponência.

17 de jun. de 2012

Bom Fim



Judeus

Boêmios

e afins


Cronk's
Lancheria do Parque

Parque Farroupilha

Redenção

Redemption Songs



Bah, tchê

Logo ali

Fernandes

Felipe

Deu pra ti



Ocidente

Oriente Médio

e a gente



Sarau elétrico

Cultura íntima

Amigos bêbados

Cidade baixa próxima

Excitação lívida



Palavraria

Palavra ali

Palavra todo dia



Expresso

Curto

Longo

Carioca



Gremista

Colorado

Ronaldo



Café do Lago

Pedalinho

Pedala Robinho



Liberta a América

Liberta as dores

Assiste a libertadores

no Vermelho 23



Senhor do Bom Fim

Brick, sebo, velharia

sabedoria



Intelecto

Filósofos de boteco

Um teto



Livros, livres, tristes

Vida me olhava e ria

Lia



Inicia na Osvaldo e termina

É o fim e é bom

bom se acabar assim

11 de jun. de 2012

4 de jun. de 2012

Tributo

@pv_lopes

Na semana passada rolou o Tributo à Legião Urbana, uma das banda mais representativas do rock nacional. Marcou uma geração e ainda encanta aqueles que passam a ouvi-la. 
Algumas críticas foram feitas em relação à interpretação de Wagner Moura. Desafinado, entorpecido, dispensável. Na verdade foi irrelevante. Maior que tudo foi a homenagem.

Aqui uma das músicas mais marcantes da banda, que logo estará nos cinemas (ao menos espera-se que sim.)

28 de mai. de 2012

Vitrola

@pv_lopes

Hoje eu lia uma dessas revistas que indicam aquelas bandas que ninguém conhece mas todo mundo devia. Falava sobre os músicos, comparava com outros, dava nota. 
Dediquei um tempo para ouvir alguns presentes na lista.

O primeiro foi Curumim, músico paulistano que acaba de lançar o seu terceiro disco: Arrocha. O cara já tocou com Trio Mocotó, Criolo, Céu e mais um baita time da música brasileira; foi considerado pelo The New York Times, o mestre do funk brasileiro. 

Segue uma amostra do som de Curumim:



Outra audição que merece destaque é Aíla Magalhães, paraense que mistura sons caribenhos e o pop produzido por aqui. O seu primeiro disco, Trelêlê, foi lançado há pouco, merece destaque.

26 de mai. de 2012

À espera da partida


Gabriela Goularte
@gabegou

Chegou muito cedo ou muito tarde. O certo é que teria que esperar. 
Vinha esperando há tempos, ansiando pela chegada e a subsequente partida. Até pensou em procurar outros caminhos, mais felizes, mais longos. Mas decidiu ficar ali, naquela estação, à espera. 

O tremor dos trilhos antecipou o que vinha. Não abanou a mão, em adeus; só tinha aquele tremor nas pernas, a cada passo próximo. Adiantou-se em direção ao trem e entrou, num salto. Um salto profundo, de encontro às ferragens, de cara no chão, carregado adiante por uma força insuperável, sensível e precisa: a morte. Agora, ao fim da espera, partia em direção à luz no fim do túnel.

21 de mai. de 2012

The Down of Hope

@pv_lopes

É impressionante a habilidade  de criação a partir da areia. 
Vale a pena ver este e mais vídeos da russa Kseniya Simonova.


18 de mai. de 2012

A pé


Juliana Moreira
@jubii_

Caía sobre nós uma chuva gentil, e já não sentíamos nenhum medo. Decidimos descer a pé a longa avenida até a nossa casa. Por volta da meia-noite, andávamos pela metade do caminho.

Compreendemos então que apenas éramos na metade do caminho.

E jamais chegamos em casa.

14 de mai. de 2012

Flor honesta

@pv_lopes


Eu quero uma camiseta do Serge Gainsbourg.
Eu quero uma Brigitte Bardot de calcinha no sofá.

Eu quero o rompimento do tradicional. A reinvenção do que existe.
A flor honesta na garrafa transparente. O mistério fervoroso do amor.

O olhar que antecede o cumprimento. O seu brilho é melhor do que a palavra dita. A sua curiosidade é pura, a palavra só quer impressionar.

11 de mai. de 2012

Luz

@anabebeth

Aquele momento, hoje repleto de escuridão
Alumia
Aquela árvore em que nos encostamos no alto do morro
Alumia
O banco que ficava ao pé da árvore
Alumia
O horizonte pleno que fitávamos ao longe
Alumia
A nuvem e a noite que nos encobria
Alumia
A lembrança praticamente esquecida no fundo do porão
Alumia
Abro os olhos e sinto a brisa, quem diria
É a lua
Que alumia

10 de mai. de 2012

Desabafo


Hoje tive a prova de que muitos caras que não nasceram em berço de ouro simplesmente creem que a realidade em que vivem (e que nós vivemos de forma geral), a desigualdade que torna a vida de uns tão diferente da de outros é a realidade à qual foram destinados.

E já ouvi de algumas pessoas comentários do tipo "isso não vai mudar, sempre foi assim e sempre vai ser".
Claro, nada muda de uma hora pra outra mas algumas coisas que afligiam essas pessoas hoje já foram amenizadas, afinal, como mesmo tu comprou esse celular touch screen? Não foi no governo do FHC ou da Yeda.

Mas voltando: além de muitos não crerem em uma luz no fim do túnel, sentem-se prejudicados, por exemplo, por uma passeata de sindicato acabar trancando o trânsito. De certa forma é chato, mas se formos pensar, é com atitudes como essa - que alguns grupos tomam - que consegue-se pressionar o governo para melhorias nas condições trabalhistas. Certamente seu salário não vai aumentar do nada, ou sua carga horária diminuir.

Nesse contexto (que aconteceu hoje, mas que sempre se repete) vi um cara de estilo rapper criticar a passeata: "Trabalhei o dia todo e na hora em que todo mundo tá voltando pra casa esses caras vêm fazer passeata, são muito vagabundos, em vez de trabalhar! Tinham que ser despedidos mesmo!". Esse discurso é inválido quando a pessoa que o manifesta é prejudicada também pelo próprio discurso. É só pensar: se os sindicalistas fizessem a passeata de madrugada, como já ouvi um cobrador de ônibus sugerir, de que adiantaria? Trancar o trânsito, prejudicar o funcionamento da cidade para chamar atenção do governo para sua causa é fundamental e, como já disse, essa causa só traz benefícios para os trabalhadores, inclusive para o cara que falou isso.

Além disso, esse discurso hipócrita do sujeito - acredito que ele seja do movimento hip hop, um movimento que luta por mudança e por igualdade social - me soa meio fora da realidade. A única coisa que me faz crer que ele possa gostar de rap mas ao mesmo tempo tenha um discurso reacionário (contra a revolução, a mudança) é a possibilidade desse sujeito "sofrer gravemente" de ignorância.

Não dá pra baixar a cabeça e aceitar injustiça, é preciso muita luta pra tudo mudar. Não permitamos que sacanas e aproveitadores caguem na nossa cabeça. Não dá pra se contentar até que seja contentável.

Pronto, desabafei.


Sandrinha


Que vadia. Me trocou por um heroizinho. Eu sei que o cara é foda. Não é a minha praia, mas eu apóio o cara. Mas ela é vadia. Putz. Já to criticando o cara, nem queria. O cara vale mais que eu. Ela que não vale nada. Agora é moda dar pro cara? O cara merece pegar mulher, eu sei. Mas ela não precisava fazer assim. Baita puta. Não é que seja puta, mas olha isso. Só porque é comigo? Cala a boca.






8 de mai. de 2012

Papel do ensino

@pv_lopes

Certas disciplinas nos fazem repensar o papel do ensino superior. É de extrema importância para o desenvolvimento de um país que o seus habitantes tenham elevado capital intelectual e para isso muitos realizam esforços gigantescos e ingressam na Universidade. Crentes na promessa do desenvolvimento humano, da capacidade crítica que é oferecida pelas instituições, ingressam e, enquanto orgulham a família, sentem-se vazios, furtados.

Aulas cronometradas e transcrições para o powerpoint não fazem mais sentido. É preciso envolvimento com o ensino. É necessário desejar que o conhecimento siga em frente.

Assim como Agnaldo Farias, em sua apresentação no TEDx USP. 


4 de mai. de 2012

Moisés, o mago




Ele abriu o mar com as mãos. Nuas. Enrugadas. Trêmulas. Os dedos nodosos tremiam cadenciadamente. Seus olhos reviravam para o interior do crânio, mergulhando na escuridão interna.

As águas turvas tornaram-se revoltosas. Lutavam contra si mesmas, contra a ordem natural. Torciam, giravam, ondulavam em cruciantes redemoinhos. A imensidão cerúlea, como um espelho salpicado de nuvens ― meros reflexos do firmamento ―, perdia o controle.

Antes inexoráveis, as ondas turbilhonavam às ordens taciturnas do homem sagrado. De cima de uma grande pedra, promontório de tantos sacrifícios, firmou suas palavras sob as águas daquele que carrega as três pontas. Ele agora as comandava.

Perplexas, cabeças olhavam admiradas. Incrédulas à força desumana, talvez ousada, comparável só então à de Deus, que aquele homem tinha. Nem todos os terremotos enviados para punir os pecadores seriam capazes de causar tal cataclismo. Em frente aos olhos brilhantes o mar se dividiu em dois. Um caminho de ida ladeado por falésias molhadas. Peixes seriam as únicas testemunhas dos escolhidos para enveredar os pés por terra lamacenta.

E assim, partiram.

Audacioso Moisés com seus poderes mágicos, capaz de impressionar olhos humanos, mas não de ludibriar aqueles que nunca morrem.

O mago não pensou que sua ofensa seria percebida aos olhos do senhor das águas, pai das ondas. Poseidon dos olhos coralíneos não aceitaria tais agressões. Os que desonram sua casa e sobrepujam seus poderes devem ser punidos. Severo é o fim para aqueles que desafiam o filho do Titã.

Apoio não faltou. Sua esposa, das curvas sinuosas como o curso dos rios, jurou morte àquele que adentrava a pé a morada divina. Tétis, viajante das ondas espumosas, também estava lá. Ainda chorava lagos pelo filho que expirou na cidade de altos muros. A mãe que perdeu o filho, porém, sabia que a tristeza da morte dilacera a alma e enfraquece o coração. Teve pena do atrevido Moisés e suplicou por sua vida.

A Ira do domador da rebentação abrandou-se nas lágrimas da nereida. Prometeu que com a morte não juraria o mago. Contudo, severa punição não lhe escaparia o destino. E assim que deixou os paredões de água marinha, encontrou um largo deserto.

O imperador das profundezas escuras jurou-lhe quarenta anos perambulando pelas ondas de areia. Jamais encontraria o caminho de casa antes que todos os dias queimassem. Nas areias quentes, fulguradas pelos braços do astro brilhante, os pés de seus companheiros tornaram-se rubros, ardentes. Pele encolheu seca, quebradiça.

Água lhes faltava. Água não teriam.

Culpado por Podeidon, senhor do mar, Moisés com os olhos enevoados pelo poder do imortal andaria em círculos, longe das águas que uma vez ousou controlar. Na secura do deserto não há sinal de oceano. Os poderes do mago, no calor intenso, provaram-se inúteis por longos quarenta anos.


Gostou? Comenta aqui no blog e já aproveita para dar as boas vindas ao Gustavo, novo colaborador do blog.

3 de mai. de 2012

Hipererro





"Barômetro" lembra Turma da Mônica.

"Fromage" lembra O Laboratório de Dexter.

"Kart" lembra Nintendo 64.

"HTTP 404" me lembra tu. 


30 de abr. de 2012

The Jackets

@pv_lopes



Sabe aquela banda que tu gostas desde a primeira vez que ouve. Aquela com um vocal feminino agradável, com músicas leves, perfeitas para uma noite como a de hoje, fria, véspera de feriado.
Aquela que tu colocas no tocador de MP3 e não tira mais. Pois é, The Jackets é uma dessas.
A banda teve início em 2008, na cidade de Valladolid, quando gravaram uma demo. De lá pra cá já são quatro discos. 
Vale muito a audição.


20 de abr. de 2012

Sobe e desce


Gabriela Goularte
@gabegou

Todos diziam que ele tinha subido na vida: depois de anos batalhando, conquistara destaque impressionável no trabalho, casara-se com uma mulher doce e tinha 2 lindos filhos, cada um com dois lindos olhos azuis. Nada de que ele pudesse reclamar, afinal, tinha subido na vida.

Subiu tão alto, que mal podia se abaixar para ver as crianças, mal podia se inclinar para beijar a esposa, mal tinha tempo para conferir se havia calçado os dois sapatos do mesmo par. Lá do alto não avistava os belos horizontes com os quais sonhara enquanto ainda vivia abaixo daquela linha que agora o separava dos infelizes que beiravam a linha do trem.

Não estava nas nuvens, mas sim no meio de uma neblina espessa, cinzenta e amarga. Se aquele era o gosto por ter subido na vida, então o jeito era descer. Já vinha há meses pensando em mudar-se pro térreo. Arrumou tudo o que precisava levar consigo em um maço de cigarro e uma caixa de fósforos. Afrouxou a gravata, tirou os sapatos e espreguiçou-se, aliviado e sorrindo como quem sabe que a missão havia sido cumprida. Despediu-se do copo de whisky, pousando-o no peitoral de sua "ampla cobertura, com piscina e duas vagas na garagem". 

Percorreu aqueles 110 metros que o separavam do chão com a certeza de que havia subido na vida, e então sua alma foi aos céus. 

13 de abr. de 2012

A história dos nosso livros. Os livros da nossa história.



-Oi.
-Oi? .
-Você pode me dizer quanto custa esse livro?
-Como é que eu vou saber?
-Você não trabalha aqui?
-Não.
-Tem certeza?
-Sim.
-Mas eu vi você aqui ontem.
-E daí?
-E também vi você aqui quarta-feira.
-E isso significa?
-Você também estava aqui no sábado, segurando aquele livro ali.
-Eu não trabalho aqui.
-Você já leu esse livro?
-Já.
-É bom?
-Lê, e aí você vai saber.
-Mas eu nem sei quanto custa!
-Procura atrás do livro, se vira!
-Mas eu achei que você trabalhava aqui. Você tem cara de que trabalha aqui.
-E você tem cara que não vai gostar desse livro.
-Pois eu acho que vou gostar muito desse livro! Só não sei se vou ter dinheiro suficiente. Sabe como é, final do mês e tal.
-Por que você não espera o mês que vem?
-Porque eu estou me sentindo sozinho.
-E quem disse que esse livro vai diminuir a sua solidão?
-Ora, é um livro.
-É.
-Não diz o preço dele aqui.
-Que pena.
-Você não vai me dizer se gostou do livro? Eu estou com fome.
-O livro é legal, mas ele morre no final.
-O que? Você acabou de me contar o final do livro?
-Depende, você vai ter que ler o livro e descobrir.
-Você acabou de me contar o final do livro! Vou ter que encontrar outro.
-Então tá.
-Quer ir comer alguma coisa?
-Que tal esse aqui? Esse eu não sei o final. Eu não estou com fome.
-Esse também não tem preço. Que tal um café?
-Não sei.
-Vamos, é só um café, aí você pode me contar o resto da história daquele livro.
-Tá. É 29,90.
-O quê?
-Esse livro aqui, que ainda não sabemos o final.
-Como você sabe?
-Eu trabalho aqui.

12 de abr. de 2012

Perdi


Perdido em tarefas mesquinhas, prefiro me imaginar perdido na madrugada, com más drogadas.





9 de abr. de 2012

Viagem de Páscoa

@pv_lopes

Lívia aproveitou a Páscoa para viajar e rever os amigos da escola. É bom encontrar aquelas companhias da primeira audição do novo disco da Legião, das tardes de sol sem nada para fazer.

Ela adorou saber o que acontecia na vida deles, para onde haviam viajado, o que estavam fazendo. Sentia-se viva ao ouvir as histórias. Seus olhos brilhavam como se ela tivesse feito parte de tudo aquilo. Na verdade via nos olhos de seus amigos, em cada sorriso, a simplicidade que necessitava. Encontrava o conforto que há muito desejava, ouvia as mesmas histórias da infância e transbordava de alegria. Há tempos ela não sorria daquela forma.

A viagem não foi apenas espacial, foi um mergulho no que lhe fazia sentido. A mistura de sentimentos trouxe uma confusão que marejou os olhos. Parecia não ser capaz de suportar tudo, queria voltar, não ao final de semana, mas à convivência daqueles que deixavam o seu dia mais belo.

Sabia que isso não é possível. Restou-lhe aquele disco para ouvir..."fumar unzinho e ouvir Coltrane, não faço mais isso mas entendo muito bem..."

8 de abr. de 2012

Aliens

Juliana Moreira
@jubii_

Nunca foi sobre as estrelas.

Nem os unicórnios, nem as fadas, nem mesmo sobre os centauros. Nunca foi sobre os baús mágicos que nos levam a parte alguma. Nunca foi sobre fugas rápidas num foguete, nem escadas mágicas nem tapetes voadores. Nunca foi sobre se sentir como um morcego, acordar transformado num inseto, ser engolido por um jacaré no zoológico na frente de todos, viver perigos em montanhas geladas.

Sempre foi sobre gente e a capacidade de sonhar. Sempre foi sobre mim, sobre você, sobre todo mundo que a gente conhece e os lados que a gente esconde, porque não são práticos. Sempre foi sobre sentar e contar histórias, ponderar, existir, imaginar, mudar. Sentir que o chão que a gente senta é mais real porque tem gente que não existe travando batalhas impensáveis e nos comovendo com questionamentos que são dos personagens, mas são nossos. Sentir que a realidade está mais viva por causa daquilo que não se vê.

E se eu puder descrever pra vocês a beleza que tem no olho de quem ouve uma boa narrativa, se eu pudesse explicar o pulso, a batida, a maravilha que é sentar em roda e dizer “me conte a melhor história que você conhece” e compartilhar como se fosse um segredo, um pedaço de si mesmo… aí sim, nesse dia eu não teria mais nada a dizer. E mal posso esperar para que ele venha.

2 de abr. de 2012

Fim do Mundo

@pv_lopes

Caro Prefeito,

Peço-lhe desculpas por não ter enviado o sms ontem. Sabe como é, aqui no Paraíso o 1º de abril foi bem movimentado. Os anjos estavam ensandecidos, pregando peças em todo mundo. Imagina que um deles foi até à Terra e disse que tudo estará pronto para a Copa de 2014. Mas chega de milongas, vamos ao que interessa. Vejo que tu estás preparando tudo para o juízo final. Não estás esquecendo a erva-mate? 

Ainda estou calculando a quantidade de água para o evento, acredito que alguns icebergs ficarão intactos. Também já estou providenciando  a ruptura da placa tectônica no Oceano Atlântico, bem próximo à costa brasileira. A licitação ainda está aberta, mas logo que a empresa for escolhida os trabalhos iniciarão, pois, como tu mesmo sabes, sem essa ruptura, a água não chegará até aí. 

Sei que alguns dizem que tu estás louco, mas fiques tranquilo, pois a salvação é restrita a poucos. Segues o teu trabalho. 

Att.
Pai Celestial

Somos livres para escolher nossas crenças, contanto que não interfiram em questões mais abrangentes. É preciso pessoas que busquem a melhoria baseadas em fatos reais. O sms do Senhor provavelmente não chegará, mas necessidades básicas sim. 

29 de mar. de 2012

True story




A preguiça não existe. Existe apenas a reutilização transcorporal do esforço alheio.

27 de mar. de 2012

O Equilibrista

@pv_lopes

Gingava de um lado para o outro. Conseguia manter o objeto equilibrado em uma tênue relação entre o desejo e a gravidade. Prendia a respiração dos que assistiam a sua arte, os quais torciam para que o ato acabasse com sucesso.

O equilíbrio poderia seguir durante horas, pois era aquilo que lhe restava. Todo o resto havia desabado, desmoronado, tal como o número de um malabarista iniciante.
Ele, no entanto, já vivia a experiência há bastante tempo. O objeto significava pouco perante aquilo que ele mais precisava equilibrar.

Seguia pelo caminho esguio da existência. Tornara-se invisível para as pessoas que ao seu lado passavam. Sem casa, sem trabalho, com sua dignidade furtada, pouco lhe fazia sentido.

Na verdade, nada além daquele óculos sem hastes, equilibrado na ponta do nariz, e o seu cachorro, único e fiel espectador.

19 de mar. de 2012

Prenda Minha

@pv_lopes

Um clássico. Dois clássicos. O cancioneiro popular revisitado. O erotismo de décadas passadas, presente no clipe.




http://www.seuconjunto.com.br/

16 de mar. de 2012

Preto nanquim


Então eu vou te contar, e tava na net tá, para um pouco que eu tô contando...Aí, eis que surge de dentro daquela vitrine virtual que era aquela rosca rosa, um olhar tão meigo e humilde quanto sedutor e lascivo. Me pegou de cara. Cê me entende? De uma aparente noite de descarte de esperma a descoberta da paixão platônica mais arrebatadora da minha pré-adolescência maldita, e puta vida, como eu era imbecil.

Gatíssima, aquilo é a tigresa da minha selva. Cara, tem tudo pra ser a garota mais linda que aquela cidade há de produzir. Um pouco baixinha e falta carne, mas porra, tu sabe que é desse jeito que eu curto. Cabelo escuro, pretão, feito nanquim. E um rostinho, bá, cara. Duas covinhas que fazem a terra sorrir junto quando ela sorri e...Tá, foi mal, essa última parte tá um tanto piegas, mas só quis te dar uma ideia. Falei até, mas há muito tempo atrás, eu era garotinho juvenil e falei muita merda. Sei lá, vai ver a mina tem até medo de mim, hoje. Tá, então, te segura que aí vem o detalhe mais foda...Porra, põe foda nisso. Cara, é genial. Se Deus existe, é a prova de que ele tem um senso de humor muito doente: a guria é lésbica! Tô te falando! Absolutamente, irredutivelmente, resolutamente, concretamente e inexoravelmente lésbica. Cara, isso é um soco direto nas bolas! Um paradoxo tão inescrupuloso quanto a própria natureza humana! Um motim contra o curso natural dos fluidos genitais. Cara, isso é pura poesia. Elegi ela a minha musa eterna. É muito engraçado, eu começo a falar dela e me empolgo assim, viu? 

Essa que é a beleza, taí a vida dessa parada: eu sou do tipo de homem que se deixa apaixonar no ônibus. Se isso faz alguma diferença na minha vida? Provavelmente nenhuma. Mas essa sensação, tão perto e tão longe, o intocável, a peça de museu cara demais para ter na minha sala, mas tangível o bastante pra que eu possa vê-la lá. Esse é o tipo de abstração que move a humanidade, saca? A lésbica de ouro, modelo único, feita à mão.
Chega de papo e me serve um copo, bro. 

14 de mar. de 2012

Bom semestre!



De um tempo pra cá vem me acontecendo quase diariamente: percebo o quanto a nossa sociedade séria é hilária.

Economistas na televisão discursando sobre a oscilação dos mercados; professores dando aula sobre redes sociais; pedreiros erguendo edifícios - quase impossível não esboçar um sorriso mental ao computar tudo isso. Somos cômicos perto da simplicidade dos animais.

Me parece que criamos nossas próprias necessidades. Nos dividimos em classes sociais, e definimos produtos pra cada uma delas. Nos comunicamos, e estudamos a maneira como nos comunicamos.

Somos praticamente um mundo fictício do cinema ou dos games. Um roteirista cósmico criou toda a nossa mitologia pós-moderna e continua por aí, escrevendo novos capítulos.

Qual tipo de personagem tu encarna?

12 de mar. de 2012

Porque o centro é tão longe

@pv_lopes

- Mãe, por que o centro é tão longe?
- Não é o centro que é longe, mas sim a nossa casa.
- Por que a gente precisa ir até o centro?
- Porque tudo está lá, meu filho. No nosso bairro não tem nada.
- Mas mãe, eu fico muito cansado quando precisamos fazer qualquer coisa.

As cidades enfrentam grandes problemas de locomoção que são explicadas pela forma como foram planejadas. Os serviços são divididos por zonas e o deslocamento foi influenciado pelo uso de automóveis.
Isso ocasiona o gasto de horas no trânsito e impacta na qualidade de vida. No final de semana, o motorista compra a sua felicidade em 60 prestações para poder compartilhar a sua solidão com 70% dos automóveis.

Precisamos inverter essa situação. Pensar de forma coletiva a locomoção. Descentralizar as atividades. 
Jaime Lerner apresenta uma ótima reflexão sobre o assunto na palestra realizada no TEDx:



14 de jan. de 2012

imgs


Cortou o próprio cabelo, coalhando a pia branca de fios irregulares.

Desceu do carro, subiu a calçada e soltou o soco. Demoliu a velha. Dois, três, quatro, cinco marretadas. Corpo no chão, crânio amassado, coma. "Nunca mais."

Parou na chuva escutando samba rock. Pintou um quadro com os olhos.

9 de jan. de 2012

Inovar

@pv_lopes

Vivemos uma era de inovação, uma libertação de espaços físicos e um vasto campo para as ideias. O colaborativismo dá suporte para transformar sonhos em projetos reais.

Esse é o objetivo do 500 Startups. Um fundo que disponibiliza financiamento que varia entre US$ 10 mil e US$ 250 mil, para empresas em estágio incial e que pretendem alavancar o negócio. 

Vale a pena conferir: http://500.co/

2 de jan. de 2012

Todo mundo é DJ?

@pv_lopes

No penúltimo dia de 2011 fui a uma reconhecida casa noturna de Porto Alegre em busca de boa música e ambiente agradável. Posso dizer que 50% das expectativas foram atendidas.

Percebo que a noite está repleta de pseudo-DJ's que acreditam ser necessário somente um fone pendurado no pescoço. Meus caros, ser DJ vai muito além disso. 

Posso ainda não ser um eminente disc jockey, contudo entendo que músicas devem ser mixadas, não pode haver intervalos de uma vida entre uma track e outra. É preciso existir conexão entre as músicas. Cartola foi um excelente sambista, AC/DC possui canções primorosas, mas, apesar disso, não tem como um set ser envolvente mudando dessa forma.

O DJ é um contador de histórias. Através do seu set ele cria um clima envolvente capaz de arrancar sorrisos, tirar o fôlego, furtar a voz do público.

Em 2012 desejo a todos que frequentem boas casas noturnas, com DJ's que respeitem o público ao invés de apenas posar para a foto, com o fone no pescoço e a cerveja na mão.




Esse vídeo mostra um dos passos iniciais para ser DJ.




Segue o set do DJ Marky, um dos melhores do mundo.

DJ Marky Drum N' Bass Set [2nd jan 2012] by Dj Marky