29 de set. de 2011

Agonia no apartamento 4 do conjunto habitacional

Ramiro Simch
@miroez

Tomei Nescau e fui deitar.

Não é tão simples. Esse diminuto ritual foi crivado de medo e taquicardia antecipados, temor da angústia vindoura inevitavelmente com o escuro e o travesseiro.

Meu coração sacolejava tão alto que meus ouvidos doíam. Por que eu era assim? Por que eu era tão fraco a ponto de fazer sala a pensamentos-sentimentos-sofrimentos como aqueles que caminhavam em mim? Eu estava totalmente indefeso.

Era como me jogar de uma grande altura espontaneamente, ou enfiar a cabeça na boca de uma onça. Minha mão tremia enquanto pressionava o interruptor e o quarto era abraçado pelo preto.

Pela manhã, a tristeza traduzia-se no lençol suado e no cansaço doentio. A inabilidade para findar tudo era o mais doloroso.

Num dos bairros mais violentos da cidade, eu fui um recém-nascido emocional.

Nenhum comentário:

Postar um comentário