8 de set. de 2011

Canto sem melodia por uma terra dona de si

Ramiro Simch
@miroez


está cansada, a terra
geme baixinho sob a árida casca.
a urbe esparrama-se quente no solo
grossa, agonia em matéria
grudenta como suor seco depois de um janeiro
ou de um jogo de futebol.
a terra está cansada
amordaçada por uma tensa malha [viária
machucada não apenas na superfície
mas no subterrâneo, no subcutâneo
no submundo e no submar.
ela precisa retorcer-se
dar um sacolejo de acordar as cordilheiras
dispor, mais uma vez, como um cão indolente
seu chão natural, fofo, ao carinho solar.
basta de pavimento!
que as lajotas voem [até as estrelas
a terra grita:
- me quero de volta!

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