9 de nov. de 2011

Remo - 1

 Ramiro Simch
@miroez

“Que lêndea, eu sou um imbecil mesmo”, pensava Remo enquanto singrava rapidamente as calçadas escuras. “Além do sacrifício normal eu ainda fodo comigo mesmo mais ainda. Que mão”. Havia cochilado na lotação voltando para a zona sul de madrugada após umas e outras, e acordara oito paradas depois da sua. Pelo menos ébrio o rapaz caminhava distâncias gigantescas sem tanto esforço. Ele costumava comentar essa habilidade com alguém, sempre que possível.

Não teve saco nem pra admirar as ruas desertas, prateadas, como usualmente fazia.

Após umas quinze horas fora de casa, o rapaz retornava. O dia fora cansativo, e só um pequeno período de sono o separava do novo despertar. O quarto dividido com o irmão Rômulo estava abafado. “Rômulo e Remo”, a big idea de seus pais. “Pelo amor de Deus, que lêndeas”, raciocinou pela milésima vez. Amassou o travesseiro e roncou.

Acordou ainda mais cedo do que planejava, com o banjo de Ten Million Slaves emanando do velho Nokia. Número desconhecido. “É sete e trinta e oito da manhã, lêndea.”

- Alô.
- Bom dia, é Remo?
- Sim. Bom dia. Quem fala?
- Remo, meu nome é Marisa e eu estou ligando pra te convidar pro sucesso.
- Hã?
- Isso mesmo. Vou te passar o nosso endereço, se tu puder anotar: (...)

E desligou. “Que porra é essa, velho?” - Remo ficara nervoso. “Bom, vou certo”.


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