25 de nov. de 2010

O Empalhador de Zebras - capítulo I

Ana Elizabeth S. de Azevedo
@anabebeth


      Amanhã eu parto para a África. Talvez tu possas perguntar o que eu, uma mulher influente no mundo da cultura, ainda mais a brasileira, vai fazer na África. Bem, como era de se esperar, sempre elas, as zebras.

    Até hoje não entendi direito o motivo que fez o meu avô cuidar e ter algumas delas naquela fazenda no sul, mas posso dizer que o amor cresceu dentro de mim de uma forma meio inexplicável. Eu amo zebras desde que me entendo por gente. O fato é que a notícia corre, e a notícia é que a caça às zebras está tomando proporções desenfreadas por lá e é pra lá que eu vou.

    
    Desembarquei na República Democrática do Congo semana passada e de alguma maneira consegui chegar na aldeia da minha grande amiga Kenya, que conheci numa Conferência dos Amantes de Línguas Estrangeiras há alguns anos na Romênia. Kenya é uma mulher elegante que teve a sorte de poder estudar e conhecer a vida longe da aldeia. Ela conheceu e voltou. A história dessa aldeia é impressionante e muito rica, mas isso eu conto depois.
    O lugar é mágico. Em meio ao caos da fome e da miséria, o sol toma conta da savana e ilumina cada cabana com um dourado puramente africano. A natureza machucada e, ao mesmo tempo, abençoada pelo calor do sol, torna a minha visão uma pintura da parede da sala do meu avô. Ainda não vou falar do pôr-do-sol africano, pois sinto que ele vai me acompanhar e fazer parte de vários momentos nessa viagem. 
    O marido de Kenya me contou que Moïse Tshombe, seu sobrinho, está trabalhando para um médico austríaco que, diz ele, teria algo a ver com a queda do número de zebras no Congo. Olha, eu realmente não sei o que um médico austríaco tem a ver com zebras, mas já não fui com a cara desse cara.



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