16 de fev. de 2011

34

Há anos tentava criar a mulher perfeita. Olhos, cabelos, sorriso. Punk ou fashion? Inteligente ou tola? Muitas dúvidas, apenas uma certeza, deveria ouvir Procol Harum. Nada de Ivete Sangalo ou sertanejo universitário, apenas Procol Harum.
Muitas vezes vi os traços dela, com uma sombra, dançando ao som desta banda.
Incrivelmente alguns sonhos se realizam. O meu estava ali, à beira do balcão, bebendo uma taça de vinho tinto.
Sentei-me ao seu lado, pedi um jenever. A cada gole um golpe violento, o desejo de tornar aquele fascínio um ato recíproco.
Entre um pensamento e outro uma olhada no noticiário da tv. Uma entrevista e o gancho para puxar conversa.
Depois de um tempo eu já sabia que seu nome era Lívia, que fazia artes visuais e gostava de poesia concreta.
Eu já estava mais calmo, até que, em um lance de maestria, ela disse que calçava 34. Nada mais precisou ser dito, o meu desconcerto confirmava que a doce realidade.

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