22 de out. de 2011

Ariel Engster
@ensta

Certa vez uma moça acordou no meio da noite, sobressaltada. Sentia seu corpo morno, sentia um peso que não era seu. Levantou-se, sem saber por que, deu um passo, sem saber como. E deu-o como se fosse a primeira vez que o fazia.

A este passo seguiu-se outro e mais outro. Assim, tão de repente como despertara, caminhava. Era pouco, mas já podia dizer que criara coragem de andar. Afinal, poucas coisas são tão difíceis quanto caminhar no escuro. E, veja só, parecia estar feliz naquele momento. Cada pé contra o chão era um beijo de amor, e era disso que ela precisava. Sem nem notar, já estava correndo.

Contudo, não se pode fugir a contratempos. Aos poucos, notou que seu corpo cansava. A moça, enfim, esqueceu da felicidade dos passos e entregou-se à fatalidade do incômodo. Fora pega pelo seu pior inimigo: ela mesma. Se ainda fosse voar, em vez de caminhar…

Voltou e fez com que tudo parecesse como é para os comuns: um sonho. Dessa forma não correria mais o risco de cansar-se novamente. Deu-se por contente com uma ilusão (sem tigres, nem coleópteros).


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