28 de out. de 2011

Histórias do Mundo ao Avesso

Gabriel Oro
@gabriel_oro

Mark Twain disse uma vez que a diferença entre a realidade e a ficção é que a ficção tem que ser crível.

Em uma das saídas de Porto Alegre existe o que deve ser um dos casebres mais miseráveis que esse mundo já viu. Pouco “casa” e muito “ebre”. Em dias de chuva, não acredito que o seu interior fique muito mais seco que a parte externa. Na verdade, quando o vi, a impressão imediata foi a de que um cavalo bem alimentado poderia derrubar toda aquela estrutura usando uma pata só. Talvez por isso o cavalo preso a uma carroça em frente ao casebre fosse tão qualquer outra coisa, menos bem alimentado.

O lugar tinha na sua orla uma criança barriguda que brincava balançando um pedaço de pau com uma corda na ponta, certamente feito pra açoitar pele e osso daquele cavalo cabisbaixo. Havia também, na janela, uma senhora de olhar perdido, que já nem fazia ideia de quantos anos tinha, muito menos de como ainda os tem.

E havia também, no centro daquilo tudo, uma grande placa vermelha, limpa e reluzente, com o logo da Coca-Cola e o belo slogan: “Viva o lado Coca-Cola da vida”.



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