15 de jul. de 2011

O tempo passa

Ana Elizabeth S. de Azevedo
@anabebeth

          Ela abriu os olhos. Sentiu o sol beijar sua pele através dos espaços na janela entreaberta, finalmente havia parado de chover. Levantou-se e abriu todas as janelas, deixando a brisa leve dos primeiros ares da primavera entrar. O gelo todo derretera. Respirou o perfume das flores selvagens que floresciam no quintal. Os raios de sol batiam e misturavam-se nas águas do lago, as montanhas ao fundo tentavam, com audácia, tocar o céu. A paisagem fundia-se como o impressionismo das pinceladas de Monet. Ela quase perdeu o fôlego. O tempo, afinal de contas, tinha passado. Mas ainda faltava alguma coisa.
          O cinza do céu se fora e a vida voltara a habitar as árvores. O bosque renascia e as lembranças do último inverno, aos poucos, iriam para o fundo da mente. A dor iria cessar. Feliz, um imenso calor invadiu seu coração e tocou fundo na alma. A esperança também renasceu. Havia avistado, ao longe, um pequeno barco voltando à margem. O vulto no barco acenou com vigor e energia. A paisagem completou-se e esse foi o ápice da manhã, o início do final feliz.
           Correu para dentro, iria acordar as crianças, mal podia esperar.
           Hoje teriam o que jantar.

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