21 de mai. de 2011

Até que ponto o amor é suficiente?

Ana Elizabeth S. de Azevedo
@anabebeth


Até que ponto o amor é suficiente?

Estava tudo perfeito, como deveria ser, pensavam eles. Ele tinha voltado da guerra. Vivo. Completo. Um pouco transtornado talvez.  Ele tinha se ajoelhado e lhe dado o anel. Estava tudo escrito para dar certo. Eles passeavam de bicicleta pelo campo. Tomavam banho de mar ao entardecer. Deitavam-se para apreciar a lua. Faziam amor no celeiro. Eram cenas de filme, com luz dourada e trilha sonora romântica e apaixonante. Tudo fazia sentido. Como deveria ser.

Com o tempo, o conto de fadas tornou-se realidade. Ele continuava correndo de bicicleta. Ela continuava não conseguindo alcançá-lo. Ele teimava em jogar água gelada nela. Ela tinha a mania de fazer escândalos ao mergulhar. Ela não parava de falar enquanto deitada na relva. Ele parecia não escutar. Ele continuava indo com pressa, sem pensar nela. Ela continuava hesitando para se entregar. Eram cenas de filme, com luz cinzenta e trilha sonora de um dramalhão sem fim.

Até que ponto o amor é suficiente? Ela havia esperado três anos por ele. Ele havia lutado três anos por ela. Estava escrito, desde os tempos da infãncia. Não iria acabar.

Não iria acabar?
Até que ponto o amor é suficiente?

Ele carregava angústia e ela sentia-se pesada e só fazia chorar.
Essa cena alternava-se.
Ele a carregava nos braços e declarava seu amor e ela sentia-se completa e só fazia sorrir.
Alternância que conturbava, que parecia não mais fazer sentido. 

Como tudo deveria ser?
Perguntaram-se. 
Deitaram-se para ver a lua, deitaram-se para ver se a lua dava-lhes respostas.
Só restava confabular.

Trocaram olhares cúmplices. 
Como tudo deveria ser?
Até que ponto o amor é suficiente?


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