4 de jul. de 2011

Almoço no Bom Fim

@pv_lopes

O inverno parece ser agradável para apenas uma pessoa. Lívia. Ela caminha pelas ruas do Bom Fim com o sorriso de quem não liga para a temperatura, apenas aproveita o sol do final da manhã. Sempre bela, vestida com gabardina rodada, calça jeans e aquela sua bota preferida, segue pela João Telles para almoçar.

Segunda-feira ela costuma comer no Ocidente, diz que a semana começa melhor quando a refeição acontece lá. 

Entre uma garfada de feijão branco e outra de ramequim de moranga, ela fala sobre o seu mais recente relacionamento. Um rapaz boa praça, trabalhador e estudioso, interessado e engraçado. Parece que agora vai dar certo. No entanto algo a incomoda.

Lívia quer alguém que a compreenda. Não precisa de um namorado que simplesmente conte a piada mais recente, que a leve ao lugar mais hypado da cidade. Ela deseja alguém que descubra tudo no seu olhar, que ofereça sensações ainda não vividas.

Lívia diz que o feijão está maravilhoso, de fato está, mas na verdade o elogio foi para mudar de assunto. Ela sabe que ainda não encontrou o cara certo, mas acredita que um dia isso acontecerá. Prefere não construir um muro de lamentações, mas sim seguir com aquele inconfundível sorriso de quem sabe que a hora certa vai chegar.

2 comentários:

  1. Ela deseja um A.N. que passou ali do outro lado da rua, mas nem a enxergou. Deseja o olhar que desconserta, que lê, que desespera, que enlouquece. Quer a sensação do café expresso quente descendo garganta abaixo numa noite fria de uma sexta-feira qualquer, enquanto olha atentamente os olhos do observador para servir de objeto aos olhos que tudo lêem, tudo enxergam, tudo percebem. Ela quer...

    (Este comentário virou um texto que, certamente, não caberia aqui - ou não.)

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  2. esse é o tipo de procura que nunca acaba.

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